S02E01 - As fronteiras da verdade Report in Mundo das Trevas | World Anvil
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S02E01 - As fronteiras da verdade

General Summary

4 de Setembro de 1991, 21:00, Mansão de Modius   O lugar era imenso, mas estranhamente mal cuidado. Deveria ser uma daquelas casas antigas, da época que Gary foi construída e a indústria de ferro estava indo muito bem. Será que Modius era o dono original, ou ele tomou aquele lugar? Seria necessário muito dinheiro para manter aquilo, uma pessoa decididamente poderosa na sociedade. Teria ele tanto poder entre os cainitas quanto aparentava ter entre os humanos? Muitas dúvidas pairavam na cabeça de Bess, misturadas com as dúvidas e incertezas dos acontecimentos recentes.   Quatro homens faziam a segurança do local. Dois à frente da porta, dois pelos arredores, pelo que pode notar. Todos usavam botas de trabalho, macacões azuis de trabalhadores do porto e Bess notou que pelo menos um deles estava com um revólver à mostra, saindo de sua cintura. Ela tentou se comunicar, se anunciando como convidada da festa, mas foi ignorada. Decidiu então entrar por conta própria. Ao bater à porta, é recebida por um homem bem vestido, ainda que com roupas um pouco datadas.  
 
Homem: Ah, bem vinda jovem Elizabeth. Que bom que você veio. Seus serviços à cidade de Gary foram fenomenais. Por favor, queira entrar, Dana já está à sua espera.   Bess: Boa noite.
  Bess entra na mansão e percebe que há alguns baldes coletando goteiras da neve que derrete no telhado. O lugar parece um pouco antigo, poltronas de couro, candelabros, tudo muito velho e mal cuidado. No salão de festas, ela encontra Dana, Danov, Michael e um homem que nunca tinha visto, conversando um pouco desanimadamente com Dana. Há quitutes na mesa, o que é estranho para Bess. Uma vitrola toca Dvorak. Dana a observa um pouco atônita enquanto ela entra com o homem que a recebeu. Ela começa a falar em um tom mais polido, algo não natural perto da Dana que Bess conheceu até agora.  
Dana: Bess, você chegou. Que bom que já conheceu nosso príncipe Modius.   Bess: *Assustada em ver que o homem que a recebeu era Modius* Ah... meu príncipe! *E se ajoelha perante ele, sendo alvo dos olhares de todos do salão*   Modius: Ah, não precisa de tanta afetação assim. O título é uma formalidade. Mas é bom que algumas pessoas ainda tenham os modos de antigamente.   *Bess beija a mão do príncipe*   Modius: Dana, acredito que você já tenha recitado as Tradições para Elizabeth.
  Dana fica meio envergonhada, dizendo que tinha citado quase todas e quando começa a citar as Tradições, é interrompida por Modius, que as recita. Bess nota que há dois criados atendendo o salão de festas, homens usando roupas do século passado, negros, o que dá a Bess a impressão de ter voltado no tempo para uma época mais antiga, com mais preconceitos que a atual. Quando a tradição da progênie é citada, Bess olha para Dana, sabendo que ela feriu essa tradição ao criá-la sem a permissão do príncipe de Chicago. Quando a tradição da Responsabilidade é citada, ela se lembra de Evelyn, pelas violações das Tradições que ela tem feito. Quando a tradição da Destruição é citada, ele olha de soslaio para o homem que Bess não conhecia ainda.   Ao final da recitação das Tradições, Modius apresenta Bess a esse homem: Lucian, gestor dos Estaleiros de Gary, que se beneficiou do serviço de Bess ao lidar com os Pollos Locos. O homem lembrava a Bess seu pai. Ela nota que o homem possuiu alguns traços primitivos escondidos sob as roupas, como uma grande quantidade de pelos em seu peito que quase saltava à gola da camisa e da manga. Mas os pelos pareciam mais de animal do que de um humano.   Modius a deixa à vontade enquanto desliza pelo salão. Ela conversa com Dana, que diz que Modius parece ter gostado dela. Lucian, que ouvia a conversa, parece demonstrar um pouco de escárnio quando Bess diz que se sentiu honrada em ter conhecido um príncipe. Lucian parece reconhecer o cheiro de Michael em Bess com seu faro. Bess sussurra a Dana que acha que estava se sentindo seguida quando foi à casa de Modius. Sendo arrasta para perto da janela, Bess começa a contar o que aconteceu no cemitério.  
Bess: E quando estava saindo do cemitério e peguei um táxi, eu vi um carro preto me seguindo. Quando me aproximei da mansão, ele desviou. Pode ser nada ou pode ser alguma coisa, só achei que era melhor você saber.   Dana: Não deixe Modius saber, ele é muito paranoico. Vê? *Ela aponta para as goteiras* Essa opulência toda, e goteiras. Sabe por quê? Ele tem que se chamar alguém para consertar as goteiras, vai chamar atenção para a casa. *Aponta para a mesa* Essa comida toda sobre a mesa... A gente não precisa de comida. Esse cara gosta de manter as aparências. Mas tome muito cuidado com o que falar, ele pode ser cruel.   Bess: Obrigada pelo aviso, manterei isso em mente. Como devo me comportar? Nunca estive num lugar assim antes, deve ter gente com séculos de vida...   Dana: Você gosta de história?   Bess: Ah, eu era boa na escola...   Dana: *Olhando para Lucian* Ele gosta de contar umas histórias.   *Bess percebe em Dana um sorriso no rosto, era uma armadilha*   Bess: É que eu não sou muito boa com essa coisa de falar com outras pessoas, interagir, ser sociável. Então o que eu faço aqui? Falar com todo mundo ou...   Dana: Evite falar besteira. Você está pra ser julgada por cada um que está aqui. Nem todos aqui são membros de Gary. Michael mora no cemitério, como você já descobriu. Lucian cuida das docas. Mas esse... Nosferatu... não mora por aqui, deve estar de passagem. Há poucos Membros em Gary, há mais em Chicago, a cidade é maior, comporta mais Membros. Gary está morrendo, as pessoas estão saindo. Se você vai ficar aqui, é bom conhecer os outros, até mesmo para não caçar em seus territórios.   Bess: Não sei se é muito preconceito isso, mas porque Modius só tem homens negros como criados?   Dana: Ele é... antigo... E pelo que soube, um pouco comunista também. Você pode descobrir mais de sua história se souber fazer as perguntas certas para ele.   Bess: E esse Lucian? Ele parece meio estranho, qual é a dele?   Dana: Ele é um Gangrel. Eles não se misturam muito, preferem o mato. Esse tá morando numa cidade e cuida das docas. Deve ser um pária entre os próprios. E também ouvi dizer que ele matou o próprio senhor *Mas quando Dana isso, fala com um tom de mea culpa* E isso é um pecado entre os nossos. Os Membros temem Lucian porque nunca negou o que fez e parece deleitar-se quando mencionam esse fato. Os outros Membros acham ele meio perigoso. Agora você vai ver que essa porra de festa é só aparência.   *Dana pega um dos canapés para mostrar a Bess seu ponto. Logo ao colocar o canapé de volta à mesa, um dos criados de Modius pega o canapé e leva para a cozinha*
  Dana e Bess ainda conversam sobre Michael, sobre ele ser neuroatípico (Bess explica a Dana sobre o termo com detalhes científicos) e sobre como seu Abraço foi uma piada de mau gosto, feita por um Malkavian desconhecido. Lucian e Modius começam a conversar e Bess percebe que Michael parece acuado com algo que viu fora da casa pela janela e de repente ele some.  
Bess: Você viu isso?   Dana: Putamerda, isso aqui é um Elísio, ele não deveria fazer isso aqui.   Bess: Elísio?   Dana: Não tive tempo pra te explicar tudo. Elísio é um local escolhido para... Olha só... A gente tá parado no tempo, cada um tá agarrado a alguma coisa. Olha essa porra toda, até os criados parecem ser de 1800 e lá vai bolinha. E pra gente ter esse espaço pra conversar, transitar e ter uma "vida", os príncipes criam os Elísios. São áreas neutras, em que não se pode ter nenhuma confusão ou briga. Em Chicago são teatros e museus, declarados por... Lodin. Modius declarou a própria mansão. Você sabe o que significa?   Bess: O quê?   Dana: Em uma cidade grande você tem teatros, museus, vários lugares. Gary... Essa cidade está acabada. Não podemos usar nossas Disciplinas em um Elísio, pelo menos não aquelas que chamem atenção.   *Michael reaparece, com a testa marcada de vermelho*   Dana: Coitado, está assustado.   Bess: Ele tá suando sangue? Isso é possível?   Dana: Você deve ter tido bastante adrenalina naquele tiroteio para não perceber que você sujou a camisa de sangue, não com os tiros que levou, mas com seu nervosismo.
  Bess nota que Danov foi para o corredor da entrada da casa. Bess decide que é hora de tentar socializar e vai arranjar assunto com o Nosferatu. No corredor, ela percebe que ele está parado olhando um quadro, uma das cenas do Inferno de Dante, a mata dos enforcados.  
Danov: Heh, diferente, não é?   Bess: Você gosta desse quadro?   Danov: Esse quadro não está terminado. Tem várias falhas. Viu quem pintou?   Bess: Nossa... Modius...   Danov: Faz parte de sua coleção pessoal.   Bess: Incrível.   Danov: Incrível? Você não conhece os Toreador não é? *Sem tirar os olhos do quadro* Você não percebe? Esse quadro não tem alma.   Bess: Um quadro que não tem alma?   Danov: Sim, e os Toreador são conhecidos pela sua habilidade artística. E eu pergunto, jovem Bess, o que faria alguém pintar um quadro sem alma?   Bess: Até agora eu não sabia que quadros podiam ter alma. Bem, o que é alma não é mesmo? Eu não acredito nisso.   Danov: *Finalmente Danov vira-se para Bess* Um quadro sem alma mostra que quem pintou já morreu. Não há mais alma em Modius, ele perdeu o amor que tinha, ele é uma casca vazia. Heh. Uma pena. Mas me diga, o que você está achando dessa farsa toda?   Bess: Farsa? Ah sim, você quer dizer as acomodações?   Danov: Essa festa é uma farsa, essa casa é uma farsa, e o reinado dele todo é uma farsa.   Bess: Você não acha que é perigoso falar isso na casa dele?   Danov: Quem está falando isso? *E Danov fica um pouco esmaecido, Bess consegue ver seu contorno, como se fosse um fantasma, mas volta a ficar "sólido"* Eu não acho que ele tenha ouvido isso, heh.   Bess: Então você entende de almas e de arte? Você parecia entender de almas quando a gente estava na outra casa.   Danov: É uma pena que não tenha conseguido falar com Mina, mas pelo menos você pegou algo dela. *Apontando para o crucifixo*   Bess: Você foi rápido de notar.   Danov: Você é nova nesse jogo, e muito inocente, vou apreciá-la ver amadurecer essa noite.
  Danov e Bess continuam conversando sobre a origem do vampirismo. Danov lhe explica sobre os mitos cristãos, confrontando com o ceticismo de Bess, que acha que os vampiros são uma transmutação da condição humana causada por um vírus ou uma bactéria, e conta-lhe sobre como a Camarilla esconde a verdade sobre a origem cainita. Ele fala sobre o primeiro assassinato, Caim e Abel, e sobre como a maldição que deus rogou a Caim é o vampirismo. Fala sobre os 13 antediluvianos que deram origem aos clãs e como a Camarilla esconde essa história como uma lenda, que não existem mais e contrasta com o que o Sabá pensa sobre isso.  
Danov: No que você acredita?   Bess: Acreditar? Eu não gosto dessa palavra. Eu só confio em informações que podem ser comprovadas, que tenham uma fonte confiável. Acreditar, isso daí é coisa para religiosos.   Danov: E até ontem você não acreditava em vampiros.   Bess: Eu não acreditava, mas estava enganada, mas eu só... acredito... em informações vindas da ciência. Por isso eu quero nos estudar, o que somos, para aí sim eu decidir no que acredito.   Danov: Muito bem, muito bem. Você também está em uma busca pela existência como eu. Isso vai ser interessante. Cuidado para não ser sugada.   Bess: Eu preciso saber o que nós somos para tentar entender qual o meu papel nisso tudo.   Danov: Você? Você sobrevive. É o que podemos fazer. E você se apega ao máximo que puder para ser uma humana e não se tornar uma Besta. Você é uma Amaldiçoada, como eu, como Dana, como Lucian, como Michael, como Modius, como Allicia, como o Malabarista, como todos que estão aqui e aqueles que vão chegar. Somos todos Amaldiçoados. Vivemos pelo sangue que nos mantém vivos, e somos predadores porque precisamos tirar dos outros. Mas não precisamos ser Bestas. Não acredite naquela coisa de "Eu preciso ser uma Besta para uma Besta não me tornar". Você gosta do que é?   Bess: Não.   Danov: Uma pena, pois vamos ser assim até o fim de nossas vidas.
  Passam a discorrer sobre a biologia do vampiro, Bess compara os Membros a hematófagos, e Danov atrai morcegos para a janela da casa de Modius para mostrar como são diferentes. Ele comenta que já houve muito estudo, mas que isso não vê a luz do dia por conta da perseguição, da Santa Inquisição, da qual ele conseguiu escapar. Fala da Batalha de Tanemberg, onde conheceu Lucian, e provoca Bess a pensar o que teria acontecido com Lucian se ele tivesse morrido naquela época, contrastando com o que aconteceu com Bess após o tiroteio contra os Pollos Locos. Ele fala sobre seus corpos estarem presos no tempo, voltando ao que eram quando foram Abraçados toda noite.  
Danov: Mas me diga, o que acontece com alguém que está parado no tempo quando tem sua Morte Final?   Bess: Eu não sei.   Danov: O tempo cobra seu tempo. Se Lucian tivesse morrido naquela batalha, teria virado poeira. Ele serviu a Júlio Cesar. Você teria a aparência de alguém que morreu a pouco tempo. Dana há uma década. É difícil estudar um corpo assim quando ele não está se regenerando, quando o tempo cobra seu preço.
  Quando discutem a biologia do atrofiamento dos órgãos, Bess contrasta com o retorno do cabelo cortado ao acordar. Danov dá de ombros, ele diz que há coisas que não precisam de lógica para serem explicadas, mas fé. Quando Bess fala sobre o que a Camarilla acredita, já que não há nada documentado sobre os cainitas, Danov explica que há sim algo documentado: o Livro de Nod, um livro apócrifo que descreve a criação dos vampiros por Caim.  
Danov: Você já está começando a aceitar mais o que falo, já não questiona mais se é verdade ou não, apenas percebe que as verdades são muitas e quem está no poder não quer que você saiba disso. Mas cuidado com aqueles que querem mostrar a saída das amarras, nem sempre seus métodos são humanitários.   Bess: E esses seriam o Sabá.   Danov: Você aprendeu rápido. Os Sabá dizem que lutam contra os Antediluvianos que em seu torpor nos controlam através da Camarilla. Mas eles querem mesmo fazer o bem? Porque da forma como eles agem, se entregando à Besta, não me parece uma boa coisa.
  Quando Bess pergunta se não há um caminho do meio, entre a Camarilla e o Sabá, Danov explica que ela já faz parte da Camarilla e menciona que Dana serve à Primigênie de Chicago, perguntando-se por que Gary não tem uma primigênie. Ele conta da história de Lodin e Modius, quando Modius veio da Europa disputar o poder de Chicago apoiando os trabalhadores em sua revolta e que Lodin conseguiu enfrentá-lo e manter seu poder, destruindo o poder de Modius (e com isso Gary). Bess se vê enfiada em um mundo de politicagem.  
Bess: Mas uma coisa eu não entendo, como é possível, com tantos séculos, que ninguém nunca tenha tentado estudar o que nós somos?   Danov: A ciência não consegue explicar o que nós somos porque a ciência falha quando ela se afasta de Deus, por ignorar a mitologia cristã a ciência ignora o óbvio. Você já viu o que consegue fazer, consegue levantar carros, quebrar barras com facilidade, eu sumi diante dos seus olhos. Você pode dizer o que quiser sobre a pele de um camaleão, sobe a força de uma mãe ao salvar seu filho sob uma montanha de caixas pesadas, mas nada disso explicará satisfatoriamente as outras coisas ou o que você já viu. É preciso ter fé, Bess, é preciso acreditar.   Bess: Eu não vou me render à fé, eu vou entender, nem que isso leve décadas, mas eu vou entender mais sobre o que nós somos, eu tenho que fazer isso senão não há porque existir.   Danov: Tudo bem, mas tome cuidado com a raiva, isso pode levá-la a um caminho sem volta.
  Danov passa a falar sobre o caminho da salvação, sobre Saulot e sobre a Golconda. Ele questiona o tempo que a Bíblia não trata sobre a vida de Cristo, sobre a iluminação ele atingiu na Ásia, que teria tido o mesmo mestre que Saulot teve. Bess parece mais aberta a aprender sobre a mitologia cainita como um pontapé inicial para seu estudo sobre a Maldição dos Membros.   A mulher que ela viu com Michael a observava do alto da escada e desceu caminhando em sua direção. Danov já tinha desaparecido quando ela acenou para Bess.   Passeio com Allicia pela sala de bilhar. Modius quase pega no flagra.   Malabarista entra na festa.
Campaign
Sangue Novo
Protagonists
Elizabeth Bennett
Brujah | 13 generation
Data do Relatório
02 Mar 2021
Local Primário
Local Secundário
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