Qualquer semelhança com criaturas, lugares e cultos é mera coincidência.
O céu estava escuro, mas eu, Zipper StrapOnGStringStarSquirt sabia exatamente o caminho. A brisa fria passa por meus cabelos rubros como o fogo enquanto os braços fortes de Lyf envolvem meu pequeno corpo jovial. O draconato, refletindo o branco suave da luz de Calindhor nas suas escamas rijas, corre veloz pela noite de Ardmoor. Vindo logo atrás de nós, as curvas da voluptosa Malachiah parecem o dançar de chamas que atrairiam até a criatura mais casta sem se importar se seria queimada viva enquanto apenas rápidos reflexos do cabelo rubro e dos olhos frios e assassinos de Onno apareciam por vez ou outra entre as sombras.
Malachiah foi a primeira a entrar, em passos provocantes, na catedral abandonada, vilipendiosa, como se quisesse que os deuses soubessem que aquele não era mais o seu lugar.
Logo após, a aura da natureza parecia trazer vida novamente àquele lugar ao caminhar de Lyf, com suas patas grandes, ecoando o titilar de suas garras batendo no chão frio de pedra enquanto sua voz rouca chama seres do mundo feérico para iluminar o caminho de Onno, que, com seus olhos, profundos como a morte, rapidamente percebe o alçapão escondido. Com movimentos complexos de seus dedos compridos e cheios de nós, os mecanismos rapidamente cedem e abrem-se para que prossigamos.
Descendo pela passagem, seguir pelos corredores escuros e apertados tira meu fôlego, a proximidade com aqueles três é inebriante, o cheiro forte realça seus feromônios, minhas pernas ficam bambas e minha mente parece balançar.
Sem perder foco na busca, Onno para e os outros entendem a mensagem de seu olhar semi-cerrado. Malachiah toma a frente e atravessa uma parede falsa ao lado, tendo seu corpo rápidamente rodeado por chamas de uma armadilha que claramente não tem vez contra o calor de seu belo corpo de súcubo.
Adiante, o portão para um templo do deus do Sangue. Que permite nossa entrada ao perceber o pulsar fervilhante de nossas veias.
Notando minha vertigem diante de tamanha embriaguês, as garras proeminentes de Lyf me abraçam novamente, colocando-me sobre seus ombros delgados. Pobre de mim, alucino ainda mais sentindo o calor frio de suas escamas roçando nas minhas pernas enquanto seu aroma de uma fria floresta nas montanhas me lembra de outros amores.
Sempre frio e hábil, Onno se coloca à frente novamente, adentrando o lar dos algozes como se fosse sua morada. Sua pele, escura como mogno sumindo pelas sombras novamente. Quando dou por mim, estava remexendo as escamas do draconato e montando pequenos berloques, ele vira seu rosto para mim e sorri, mostrando suas grandes presas prateadas. Sem muito pensar, desperto os pequenos como um enxame de escamas e cobre. Sua voz suave atravessa meu corpo trêmulo - São como filhos nossos - ele diz. E minha mente foge de mim por um tempo infinito de uns prováveis 30 segundos até o barulho de baixo nos lembrar do que tinhamos que fazer.
Lá em baixo, Onno dança como o vento, cercado de muitos inimigos, matando um atrás do outro, ignorando a dor das lâminas que vão de encontro ao seu corpo esguio, abrindo brexas em seu corselete, dando amostras de seu abdômen tonificado e suas costas desenhadas em cicatrizes de quem já passou por muitas noites intensas.
Um frenesi intenso corta minha mente quando Malachiah rompe o manto trazendo os piores pesadelos a mente daqueles que rodeiam o meio-elfo. Muitos caem com seus narizes sangrando ou gritando palavras de delírio. As pontas sólidas do tridente de Lyf chegam logo depois, penetrando a carne daqueles que tentam nos atocaiar.
Demônios irrompem de um rasgo na realidade, trazidos por uma feiticeira escondida nas sombras. Que logo é trespassada pelos dardos de Onno. Diante de tudo, só consigo reagir com um movimento, estilhaçando a mente da gnoma antes que conseguisse se levantar novamente. Ela cai com seus ouvidos sangrando.
O ar rubro, cheirando a ferro, atinge as narinas da tiefling, que, de olhos flamejando, desfila por entre o campo de batalha deixando suas coxas rosadas dançarem para fora de seu robe. Com suas mãos cheias de jóias ímpias e longas unhas vermelho-sangue, levanta um dos sobreviventes pelo rosto e começa a lhe queimar, trazendo para perto de sua face lasciva, abrindo seus lábios vermelhos para lhe sugar a alma em meio a gritos desvairantes.
Onno e Lyf encaram a atitude de Malachiah, enquanto ela larga o corpo murcho ao chão e continua a aladear-se rumo ao próximo andar.