Magia

Magia

"Caros estudiosos, curiosos, ou ambos. Tenham em mente que o segmento sobre Magia de nossa querida biblioteca é uma leitura pautada em preceitos físicos e mágicos dos mais simples aos mais complexos. O intuito disso é que um exercício mental seja realizado, bem como vocês tenham acesso ao melhor do conhecimento mágico. Caso tenham dificuldade na leitura, recomendo que se dirijam à mim ou a qualquer outro escriba na biblioteca."

- Luna Nianoden, Bibliotecária Responsável.

O conceito de magia é amplo e abrangente, pois contêm todas as formas distintas de poder. As manifestações mais famosas são: Magia Arcana, Magia Divina e Magia Primordial. Além dessas, também há formas conhecidas como Psionismo, Magia Élfica Superior, Magia Sombria e outras que foram esquecidas com o tempo, deixaram de funcionar ou até mesmo foram completamente extirpadas pelos deuses. Há também divisões dentro da magia que podem se aplicar ou não para várias categorias de manifestação. Por exemplo, a divisão mais conhecida é a das Oito Escolas de Magia, sendo elas: Abjuração, Adivinhação, Conjuração, Encantamento, Evocação, Ilusão, Necromancia e Transmutação; Que pode ser utilizada para definir magias entre as Arcanas, Divinas e Primordiais.

A diferença entre a magia e uma lei física, é que a primeira é a manifestação da vontade daqueles que conjuram para quebrar limites impostos pela realidade, enquanto a segunda é o que rege e impõem os limites da realidade. Sendo assim, utilizar magia é ter uma noção minúscula da sensação de um deus para com a manipulação do universo. Logo, conclui-se que magia é todo e qualquer meio conjurado por um indivíduo que dobra o universo de alguma forma e desafia as leis da física.

Cada poder se manifesta e se desenvolve de forma totalmente diferente, portanto considera-los iguais é um resumo grosseiro. Com isso, cada povo se relaciona e vê o uso de magia com olhos distintos, então um mesmo local pode abominar magia arcana, mas louvar magia divina e assim por diante.

Magia Bruta

A Magia Bruta é toda aquela energia criada junto de toda a Criação, que é capaz de assumir formas diversas e demonstra um potencial imenso, praticamente indomável para aqueles que não possuem os meios corretos para faze-lo. Imaginar um mar extremamente carregado em energia é mentalizar uma forma para a totalidade da Magia Bruta.

A manipulação da Magia Bruta é extremamente difícil, pois é o mesmo que tentar tocar um astro como o Sol, portanto é muito danosa para o usuário e geralmente é letal. É necessário uma forma específica de poder divino ou inato para que isso seja feito com segurança, mas mesmo assim é uma canalização exaustiva que pode causar estragos se extrapolada. Os relatos dizem que só os deuses possuem real afinidade com ela.

A Magia Bruta é por padrão muito estável e o seu oposto é conhecido como "Magia Selvagem". A volatilidade da forma instável faz com que os efeitos de canalização sejam por vezes aleatórios ou sobrecarregados, portanto há consequências destrutivas para aqueles que ousam perturba-la sem um domínio correto. Ela é como se fosse um ser indomado que se recusa a fazer a vontade do conjurador, daí vem o nome "Selvagem". Ela se forma quando a estabilidade da Magia Bruta é rompida ou quando os alicerces do universo encontram uma brecha para se manifestarem.

A quantidade de Magia Bruta em um ser ou um objeto varia de acordo com o grau de cargas gerais. Um elemental do fogo, por exemplo, contém quantias extraordinárias de energia elemental, portanto há muita Magia Bruta. Um humano camponês comum, em contrapartida, possui uma quantia baixa, apenas os níveis mínimos para que sua existência e relação com o universo sejam possíveis. É importante enfatizar que não é regra uma raça inteira ter a mesma quantia de Magia Bruta, visto que um poderoso humano arcanista tem muito mais Magia Bruta em seu corpo do que um humano camponês por conta da aptidão mágica desenvolvida.

A Magia Bruta existente em cada ser é quase sempre inerte e só exerce o papel de constituição enérgica, contudo há criaturas que conseguem toca-la e traze-la a tona, voluntariamente ou não. Algumas o fazem inatamente, seja porque a raça como um todo tem maior afinidade ou porque o indivíduo nasceu com o dom, enquanto outras apenas manifestam por conta de instabilidades que foram geradas no nascimento ou após contato com uma carga instável em algum momento da vida, portanto a constituição deles perde parcialmente a estabilidade e eles passam a manifestar a Magia Selvagem.

Existem certos tipos de cristais que são capazes de serem carregados com altas quantias de Magia Bruta e funcionam como se fossem baterias. Um exemplo bastante conhecido no mundo mágico, é a arcanita, principalmente por ser um ótimo canalizador arcano e um material excelente para vários objetos ou aparatos tecnomágicos.

A Trama

A Trama é como um imenso véu que repousa sobre o mar de Magia Bruta. Sendo assim, é um extenso tecido mágico cujas linhas podem ser tecidas e reorganizadas para formar algo. Pode-se dizer que essa é a forma refinada do potencial da Magia Bruta.

A sua criação advém da vontade da deusa Kiara em encapar o potencial da Magia Bruta, isolando-a do contato direto com o mundo, para que os alicerces da Criação jamais açoitassem o universo visível. Portanto, comparar a Trama com um véu protetor é uma analogia perfeita.

O tecido enérgico da Trama é extremamente resistente e plenamente modelável, mas força-lo com canalizações absurdamente poderosas, ou até mesmo sobrecarregar uma área inteira, são capazes de romper as ligações uma a uma. Uma área lacerada se torna uma região de Magia Selvagem, enquanto um segmento inteiro destruído cria uma Interferência de Kinel.

Elucidando, o termo "Interferência de Kinel" foi canonizado pelo poderoso mago Doramond Kinel em 573 8C. Ele se refere a um distúrbio causado por um desequilíbrio massivo na Trama, que impede o funcionamento correto de toda a magia. Sendo assim, ainda há Magia Bruta lá, mas os longos fios da Trama estão dispersos e enfrentando dificuldades massivas para atuarem como um véu.

É dito que a Lua, também conhecida como Mahina, possui vários nodos da Trama, que ressonam com tudo que há em Domus. É por isso que a Licantropia, por exemplo, se manifesta nas luas cheias, pois há um elevado grau de ressonância entre as tramas de Domus e a Lua, forçando assim fluxos mágicos diversos e certa maleabilidade na Trama como um todo.

Kiara rege a Trama e observa constantemente o seu estado. É dito que todos que atentam contra a Trama, atentam diretamente contra a Magia Pura.

Magia Arcana

O Arcanismo consiste em manipular diretamente as energias do universo por meio da Trama, moldando-o de acordo com a vontade do usuário, da qual a deformação perdura por toda a duração do feitiço e volta ao estado inicial quando não há mais força mágica sendo aplicada.

Sua descoberta se deu por meio de seres que por motivos desconhecidos nascem com sintonia com a Trama, portanto dispõem de aptidão que possibilita a manipulação das energias do universo como se fosse algo trivial. O olhar curioso dos conjuradores estudiosos então foi despertado e uma verdadeira busca pelos segredos desta arte foi iniciada e perdura até os dias de hoje, possibilitando diversas maravilhas que surgem com cada feitiço desenvolvido.

Um estudante do arcano desenvolve seus poderes e conjura seus feitiços por meio da reorganização espacial da Trama, que cria um efeito momentâneo com base nos formatos estáveis que a energia se molda em sucessões repetidas e sequenciais de sons, movimento e matéria específica, sendo que a própria energia do conjurador, a sua Magia Bruta constituinte, serve de ativador e flui por toda a forma criada. Depois que ela retorna ao estado inicial, várias outras manipulações podem ser feitas. Dependendo do feitiço, a manipulação pode ser super fácil e rápida ou muito difícil e demorada.

O corpo do praticante deve ser condicionado continuamente para armazenar maiores cargas de Magia Bruta, o que configura a Aptidão Mágica. Quanto mais apto um conjurador é, maior é o leque de efeitos possíveis na manipulação da Trama. Cada grau de aptidão é medido em Ciclos Mágicos que vão do primeiro ao nono. Há também os Truques, feitiços que requerem pouca aptidão e tem gasto praticamente nulo, mas são simples em quesito de efeitos. Por lógica, todo ser pode aprender magia, mas o grau de dificuldade e o tempo necessário será determinado com o quão apta o indivíduo é em quesitos mágicos. Dessa forma, a maioria dos mortais levam décadas para poder desenvolver o poder mínimo para tal, pois só algumas raças são aptas inatamente, enquanto é raro que um membro de uma raça de pouca aptidão nasça com uma aptidão considerável.

Por conta da regência da deusa Kiara sobre a Trama, magias de nível épico, que ultrapassam o nono ciclo, são completamente bloqueadas e nenhum corpo consegue desenvolver a aptidão necessária para conjurar algo de tamanha magnitude. Isso se dá porque tais efeitos agridem a Trama violentamente. É dito que os mortais já foram capazes de utilizar desse imenso poder, mas os contos são todos ancestrais e pouco conclusivos.

Há limites na memorização de feitiços por conta da complexidade em adquirir maestria sobre tais técnicas. Aqueles que as desenvolvem por estudos encontram o empecilho da mente em processar e coordenar a energia com os detalhes necessários para conjurar, portanto leves dores em vários pontos da cabeça são perceptíveis quando um conjurador desse tipo tenta forçar além de seu limite atual, que determinado por meio da Aptidão Arcana e força da mente. Já os que a desenvolvem inatamente, a mente se condiciona exclusivamente com um leque fixo por conta do conhecimento se enraizar conforme a aptidão mágica evolui. Logo, não há estudo, mas sim treino por si só.

Magia Divina

Os poderes divinos moldam a Trama em escala menor e são originários do divino como todo, como concessões aos seguidores e praticantes de um deus ou entidade. Portanto, é correto dizer que o poder vem da fé de cada indivíduo para com sua divindade e missão em vida, de forma que é necessário rezar como uma barganha de suas habilidades disponíveis.

O conhecimento para conjurar a magia é então depositado na mente do devoto e requer diferentes patamares de aptidão mágica assim como na Magia Arcana. A diferença é que tal aptidão não se resolve apenas na Magia Bruta armazenada no corpo, mas sim também na fé e vontade que é cada vez mais condensada no fundo do ser e da alma do conjurador. Quanto maior a fé, mais a mente se adequa para a vontade divina e pode armazenar mais poderes simultaneamente.

Por mais que a Magia Divina não mude a forma da Trama, sua presença é necessária para que o poder concedido pelo deus flua dos domínios divinos até Domus, com destino ao praticante. Portanto, a ausência ou bloqueio da Trama impossibilitam sua a chegada, logo não é possível conjurar sem ela.

Magia Primordial

Os elementos são intrinsicamente conectados com toda a Criação, portanto servem de material e energia potencial em todas as formas. Sua origem se dá no Caos Elemental, que flui por cada ponto da existência por meio da Trama. Porém há áreas em que o fluxo é constante e coordenado, enquanto outras se dá ocasionalmente conforme a aleatoriedade da liberação enérgica.

Portais e maravilhas podem se formar em locais cujo o fluxo é constante e fixo, que levam a terras elementais incríveis. Há também conjuradores que podem tocar a Trama e utilizar da própria aptidão mágica como um chamariz para as energias do Caos Elemental, assim clamando por um breve fluxo para o próprio corpo, que possibilita moldar a Trama em torno deles e canalizar feitiços de matriz elemental.

A fixação dos Feitiços Primordiais na mente se dá pelo enraizamento, em seu corpo, de uma minúscula parcela das energias da qual o praticante lida, de forma análoga ao maior condicionamento mental que se dá com os avanços da Aptidão Mágica. Portanto, o funcionamento desta categoria de magia é bem próximo ao da Magia Arcana, mas seu desenvolvimento lembra a Magia Divina em certa forma. A mescla entre as duas formas é clara, então o lado predominante se faz com o meio por qual o conjurador encontra para evoluir.

Psionismo

Os segredos por trás do Psionismo são muitos, principalmente porque este tipo de magia é completamente independente da Trama, de forma que não a molda nem a utiliza para se propagar. Na verdade, o poder vem unicamente do conjurador e é um desdobramento de sua vontade que é manifestado com a energia expelida pela própria mente.

São raríssimos os casos de seres comuns que nascem com tamanha dádiva, com exceção de certas raças, pois suas mentes são condicionadas desde os princípios do concebimento para que consigam exercer tal conversão de energia baseada na própria aptidão mágica. Portanto, é muito difícil aprender tais técnicas, pois requerem aprimoramento mental com base na Magia Bruta.

Contudo, há sim feitiços que replicam efeitos psiônicos com base na manipulação da Trama por meio de Magia Arcana, mas não deve se confundir o desenvolvimento dessas alternativas com o poder real inato de um ser detentor de Psionismo.

Magia Élfica Superior

Esta categoria de magia é exclusivamente ritualística e gira em torno de efeitos grandiosos que são realizados com base na Trama. Os Altos Elfos são os únicos capazes de desenvolver tal aptidão, pois assim foi acordado entre Kiara e Auryndel, uma vez que a matrona élfica desejava o melhor aos seus filhos com a maior aptidão mágica dos humanoides.

Há três categorias de rituais, são eles: Rituais de Solidão, Rituais de Complemento e Rituais de Miríade. Cada nível requer cada vez mais esforços contínuos e até mesmo um maior número de conjuradores simultâneos. Tais magias são capazes de criar efeitos duradouros que dão forma à Trama por um tempo muito superior ou até mesmo indeterminado no caso dos rituais mais poderosos, contudo o risco de algo dar errado ou os conjuradores sofrerem graves consequências aumenta exponencialmente, de acordo com o efeito desejado.

Há casos raros que elfos de outras etnias conseguem desenvolver a aptidão para tais ritos, mas eles são exceção. Além disso, até mesmo entre os Altos Elfos, somente uma minoria consegue adquirir a Aptidão Mágica necessária para exercer Magia Élfica Superior. Portanto, apenas um segmento muito recluso das sociedades élficas consegue treina-la, além de que ela requer isolamento completo da sociedade comum por muitos anos para desenvolver as técnicas corretas e condicionar corpo e mente.

Encantamentos

Ao longo de muitos anos de estudo, os estudiosos perceberam que é possível canalizar muitas formas de energia por meio de inúmeras técnicas em objetos que servem como receptáculos mágicos e podem dispor de efeitos diversos.

Tais processos são completamente variados de acordo com as especialidades, conhecimentos e poderes do encantador. Não há de fato uma fórmula única, muitos caminhos levam ao mesmo fim e muito é descoberto com o tempo. Em resumo, uma magia conhecida é aplicada em um determinado objeto por meio de glifos munidos de essência específica, que atuam como fixadores e ajudam a dar o efeito extra desejado no alvo.

Os objetos encantados, por sua vez, geralmente estabilizam seus efeitos na forma de Magia Bruta, mas são munidos das cargas que fluem por meio da Trama. Portanto, a ausência da Trama impede que o encantamento seja recarregado, então a magia entra em um estado inerte para que não se dissipe e volta a ativa ao conseguir se reconectar com a Trama.

Objetos com encantamentos replicáveis dentre uma mesma categoria são tidos como Itens Mágicos, enquanto os que recebem traços únicos por quaisquer motivo são tidos como Artefatos, portanto são extremamente raros de serem criados ou encontrados.

A Trama Sombria

O deus Sogistho era maravilhado com a existência da Trama e passou a estudar cada aspecto dela, desde sua criação até a relação com a Magia Bruta e a Criação como um todo. Após ponderar cada detalhe, tentou criar sua própria versão para que dragões pudessem utilizar de um meio alternativo e poderoso, portanto a fez pensando nas necessidades de seus semelhantes. Não é atoa que também recebe o nome de Trama Dracônica.

A Trama Sombria carrega este nome por ter sido planejada e criada longe dos olhos da deusa Kiara e porque utilizou de energias negativas para se assentar, mas os motivos já se perderam no tempo.

Suas bases foram atreladas ao tecido da Trama para que pudesse se abastecer com a energia refinada, portanto ela se espalhou como uma verdadeira infecção. Os pontos que são drenados pela Trama Sombria ficaram mais frágeis e propícios à rompimentos, portanto a Trama como um todo passou a ser danificada exponencialmente. É dito que Kiara zangou-se e deu um basta: Sobrecarregou a Trama Sombria com sua vontade divina para torna-la completamente inacessível.

Reza a lenda que ela existe até hoje, impregnando a Trama em vários pontos, e que levarão milhares de anos para que ela se vá por completo. Há quem diga também que é possível conjurar por meio dela, cujas afirmações falam sobre os poderes serem incríveis, ainda mais se for atrelado aos dragões. Contudo, esses contos são todos ancestrais ou frutos de devaneios de conjuradores ambiciosos, então não se sabe até onde são verdade.

Magias Proibidas e Esquecidas

Vários seres já tentaram criar as suas próprias formas de manifestação de poder, mas todos falharam por falta de domínio no assunto ou ambições elevadas demais, que levam a erros prejudiciais à Criação como um todo. Independente do motivo da falha, métodos perigosos são extirpados da existência mediante a acordos entre os mortais e até mesmo os deuses.

Contudo, há magias que foram desenvolvidas por seres mortais dentre os parâmetros aceitáveis do universo, mas são abominadas pelos deuses e portanto trancafiadas a sete chaves. Há casos em que o problema é bem menor, então elas apenas caíram em desuso pelos próprios criadores ou o conhecimento se perdeu nas eras por ser único de um grupo seleto. Sendo assim, muito já ficou para trás, além de que muito há de ser esquecido com o tempo.
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Autor: Bruno Leone (Café)