Viagem ao Arquipélago da Trindade

À bordo do Seu Fim, eu e meus novos companheiros navegamos até a a Cidade das Cinco Pontas, capital da República. O Seu Fim é um pequeno barco, serve apenas a uma tripulação de 12 pessoas, mas é leve e rápido para transportes. Um bom início de carreira, com certeza.
Descobrimos um carregamento destinado à Taverna Porco e Assovio, na Cinco Pontas e é lá que esperamos encontrar novos membros para a tripulação.
Marcos "Cara de Porco" é um moço peculiar, com certeza, um nariz achatado e seu problema de respiração que produz roncos involuntários com certeza fazem juz ao epinômio. Ele aceitou nossa entrega, depois do pensamento rápido do meu imediato, o Sr. Loki, de que nós éramos uma companhia de entregar tercerizada: Seu Fim Ltda. Foi ele também que nos ofereceu um trabalho, uma entrega de barris para a Taverna da Companhia da Pesca, no Arquipélado da Trintade, a cerca de 3 dias de viagem. O homem já tinha conseguido alguns funcionários, mas não um navio.
 
Dois deles, um meio-elfo beberrão que sequer guardei o nome ainda, e um brutamontes chamado Julius (não posso negar que sua figura é impressionante, apesar da rudez bruta o deixar quase selvagem), não parecem muito afeitos ao mar, mas Julius com certeza serve para carregar peso. Já o meio-elfo, me garantiu que seria um bom guarda-costas para o navio.
 
De fato, em nosso terceiro dia de viagem, nos deparamos com Orcas afetadas pela bestialidade do mar. Esses golfinhos avantajados viram no nosso pequeno barco seu alvo e vi membros da tripulação serem lançados ao mar como se fossem de papel. A primeira delas padeceu de um arpão certeiro. Nem acredito que consegui sozinho acabar com uma delas.
 
Mas os bichos não se cansaram, nos seguiram por bastante tempo e nos alcançariam. Testei, então, a palavra do beberrão, e, de fato, sua engenhosidade e poder arcano se mostraram eficientes para afastar os bichos. Julius também serviu, especialmente para tirar rapidamente nossos membros da água.
 
Chego então ao terceiro desses novos membros, uma humana, ou quem eu acreditava ser uma humana! A moça perdeu o equilíbrio e foi parar na água, sendo também mordida por uma das bestas marinhas. Argo, acho que é esse o nome do meio-elfo (ou algo assim), levitou com ela até o deque e partiu para ajudar a atacar os bichos enquanto eu corri para o deque inferior com a moça que perdeu a consciência. No caminho até Lima Limão para que ele a ajudasse - o pobre senhor estava acometido por uma desinteria marítima feroz, você já pode imaginar o estado dele depois do navio ter sido quase virado de lado - a moça desmaiou em meus braços, pequena e delicada como uma flor, e eis que de humana ela tinha apenas um parentesco distante. Já ouvi falar desses seres, genasi, sua construção primitiva tão ligada aos elementais é, com certeza, fascinante! No lugar de uma humana, tinha em meus braços uma genasi da água, sua pele azul naturalmente úmida e até guelras ela tem. Definitivamente um espécime magnífico! Não sei bem por que ela esconde sua face tão bela por trás de um retrato humano, mas não serei eu a questionar suas escolhas. A moça é também boa com comércio e parece que compartilhamos mais habilidades do que pensei! Ela também sabe cozinhar e dirigir veículos aquáticos, certamente uma das peças mais treinadas de nossos novos membros. Asifa é seu nome.
 
Também como ela, bem treinado na vida do mar é Calico, um ruivo baixinho e mal encarado, mas que se mostrou ser um exímio carpinteiro e marinheiro confiável. Ele vai ter um pouco de trabalho depois desse ataque que sofremos das orcas, mas ele garante ser capaz de fazer os reparos. Ele me contou brevemente de seu passado pirata e estou curiosíssimo para ouvir mais sobre ele.
 
Nenhum deles, entretanto, negociou taxas e honorários, apenas o meio-elfo, que pediu apenas três garrafas de cachaça. Um homem deveras simplista.
 
Ao chegarmos no arquipélago, Julius se demonstrou mais inteligente do que aparenta ser, nos alertando do preconceito inerente daquela comunidade majoritariamente humana tem dos elfos e meio-elfos. Pedi, então, que meu imediato assumisse as negociações enquanto o resto da tripulação desembarcava mercadoria e comprava material para os reparos. Loki me chegou com a notícia de que os negócios tínham sido bem sucedidos e que o Conselho da cidade estava oferecendo uma recompensa generosa para quem fosse corajoso e hábil o suficiente para livrar o templo local de um grupo de piratas que o invadira. A tripulação toda decidiu se juntar aos esforços, então partimos para a selva que levaria até o tal templo.
 
Loki habilmente escondeu meus aspectos mais visivelmente élficos para favorecer minha recepção na ilha. Cada vez mais respeito esse homem tão valente e habilidoso. Um companheiro inestimável, sem sombra de dúvidas.
 
Asifa havia escutado rumores de que naquela ilha vivia também uma espécie canibal de tartarugas senientes o que me deixou ao mesmo tempo intrigado e horrorizado. Minha curiosidade foi logo satisfeita, pois no caminho até o templo nos deparamos com uma delas. O selvagem se apresentou como Blas Tóise. Sua personalidade é por vezes irascível, ainda que dotado de grande potencial criativo. A criatura tem com ele dois canhões propelidos por água, acoplados em seu casco que ele lança utilizando apenas a força bruta de seus pulmões. Na verdade, devo estudar a anatomia das tartarugas comuns para saber mais sobre como elas funcionam, tudo nele parece não fazer sentido.
 
Veja bem, seu intelecto parecia alto, diante de uma invenção tão elaborada, mas a tartaruga quase perdeu a vida porque ficou gritando com nosso feiticeiro, pedindo que ele ateasse fogo a uma pedra enrolada com barbante jurando ser uma bomba! Talvez ele simplesmente não tenha muitos conhecimentos além dos que adquiriu na sua vida primitiva. Ele é insubordinado e odeia piratas, certamente não posso permitir que os afetos de alguns membros da tripulação por ele permitam que tal criatura entre em meu navio. É pedir por um motim e verei acabar antes mesmo de nascer minha vida como capitão!
 
Mas não é só isso, a ilha também tem lagostas gigantes pensantes! Elas são ainda mais animalescas do que a tartaruga, nossa única solução foi matá-las, mas isso nos rendeu bons insumos e carne para refeições.
 
Estamos agora no meio da floresta depois de termos falhado em ser furtivos, principalmente porque a tartaruga continuava gritando "emboscada" como se quisesse avisar nossos inimigos de que nós éramos um alvo fácil. Consegui derrubar o atacante que quase acabou com a vida da tartaruga e Calico o subjugou com facilidade, mas eis que Blas Tóise ataca novamente e simplesmente mata nosso único informante! Arrancando e comendo suas tripas diante dos nossos olhos, sem qualquer cerimônia! Como estudioso e antropólogo acho isso fascinante, mas como capitão no meio de uma missão, são características difíceis de se lidar. Com certeza, é apenas mais um teste para fazer crescer minhas habilidades.
 
Se os ventos soprarem a nosso favor, conseguiremos acabar com esses piratas de meia-tigela e provar que o Seu Fim se aproxima! Além disso, temos 10000 moedas de ouro a nossa espera quando do retorno à Cidade das Cinco Pontas.
 
Por enquanto é só. Os perigos dessa selva são muitos e preciso dar atenção à minha tripulação ainda desajeitada.
 
Inventário:
 
(-) 2GP (Milo)
(+) 800GP (Venda do telescópio)
(+) 114GP (Venda das pedras de quartzo azul)
(+) 30GP (Venda do tapete)
(-) 50 GP (100 rações/10 dias)
(-) 5GP (tinta)
(+) 260GP (entrega ao Porco e Assovio)
(-) 20GP (Manifesto)
(-) 80GP (insumos para reparo do barco)
(+) 500GP (entrega na Companhia da Pesca)