Os animais gratos Prose in Storevender | World Anvil
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Os animais gratos

Certa vez, um rapaz estava a caminho de uma feira com cinco xelins no bolso. No caminho, viu alguns garotinhos batendo num pobre rato que tinham acabado de capturar.   — Ora, meninos — disse ele —, não sejam tão cruéis. Vendam-me esse rato por seis centavos e vão comprar alguns doces.   Os garotinhos lhe deram o rato, e ele soltou o pobre animal. O rapaz não tinha se afastado muito quando encontrou um novo grupo de meninos torturando uma pobre doninha.   Bem, ele a comprou por um xelim e a soltou. A terceira criatura que salvou, de um bando de rapazes cruéis, foi um burro, mas teve que dar meia coroa para libertá-lo.   — Agora — disse o pobre burro —, bem que podia me levar com você. Serei útil, acho, pois quando você estiver cansado, pode subir nas minhas costas.   — Com todo prazer — respondeu Jack, que era o nome do rapaz.   O dia estava muito quente, e ele se sentou debaixo de uma árvore para aproveitar a sombra. Assim que o fez, caiu no sono, mas logo foi despertado por um gigante com ar de malvado e seus dois criados.   — Como ousa deixar seu burro invadir meu campo — gritou o gigante — e fazer tanto estrago?   — Eu não tinha ideia de que ele houvesse feito algo assim.   — Não tinha ideia? Então vou lhe dar uma ideia. Traga aquele baú — ordenou o gigante a um dos seus criados.   Num piscar de olhos, eles amarraram os pés e as mãos do coitado do rapaz com uma corda grossa, jogaram-no no baú e o lançaram no rio. Então todos foram embora, menos o pobre burro, até que apareceram ninguém menos que a doninha e o rato, e lhe perguntaram qual era o problema. Então o burro lhes contou sua história.   — Ah — disse a doninha —, deve ser o mesmo rapaz que salvou o rato e eu. Ele tinha um retalho marrom na manga do casaco?   — É esse mesmo.   — Então, venha — chamou a doninha. — Vamos tentar tirálo do rio.   — Com certeza — disseram os outros.   Então a doninha subiu nas costas do burro, e o rato entrou em sua orelha, e eles se foram. Não tinham ido longe quando viram o baú, que havia ficado preso entre os arbustos junto de uma pequena ilha.   A doninha e o rato entraram e roeram a corda até libertar seu mestre.   Bem, todos estavam muito felizes e conversavam sobre o gigante e seus homens quando a doninha viu nada menos que um ovo, com a casca nas cores mais adoráveis, caído nas águas rasas. Não demorou para que ela o pescasse, e Jack o revirou nas mãos, o admirando.   — Ah, meus queridos amigos — disse ele para o burro, o rato e a doninha —, quem dera eu pudesse agradecer a vocês como eu gostaria. Como eu queria ter uma bela casa e uma terra para onde pudesse levá-los para viver em paz e abundância.   As palavras mal tinham saído de sua boca quando ele e os animais se viram de pé nos degraus de um grande castelo, com o mais belo gramado já visto na frente. Não havia ninguém dentro nem fora do castelo para tirá-los dele, então eles entraram, e ali viveram felizes como reis.   Um dia, Jack estava parado no seu portão quando três mercadores passaram com suas mercadorias ensacadas nos lombos de cavalos e mulas.   — Que visão abençoada! — gritaram eles. — O que isso significa? Não havia castelo nem gramado aqui na última vez em que passamos.   — É verdade — respondeu Jack —, mas vocês não devem ser prejudicados por isso. Tragam seus animais para o pátio nos fundos e deem a eles uma boa refeição e, se tiverem tempo, fiquem e jantem comigo.   Eles ficaram muito felizes em aceitar; mas, depois do jantar, Jack foi tolo o bastante para mostrar a eles seu ovo colorido e lhes dizer que bastava desejar alguma coisa com o ovo nas mãos que seu pedido era realizado. E provou o que dizia. Então, um de seus convidados pôs um pozinho na taça de vinho de Jack e, quando ele acordou, se viu novamente na ilha, com seu casaco remendado e os três amigos à sua frente, todos parecendo muito tristes.   — Ah, Mestre — disse a doninha —, você nunca será sábio o bastante para as pessoas trapaceiras deste mundo.   — Onde aqueles ladrões disseram que moravam e como se chamavam? — Jack coçou a cabeça e, depois de um tempo, conseguiu se lembrar.   — Venha, burro — disse a doninha —, vamos correr. Não seria seguro o mestre ir conosco; mas, se tivermos sorte, traremos o ovo de volta.   Então a doninha subiu nas costas do burro e o rato entrou em sua orelha, e eles partiram até chegarem à casa do líder dos patifes. O rato entrou, e o burro e a doninha se esconderam em um bosque ali perto.   O rato logo voltou para junto deles.   — Bem, quais as novidades? — perguntaram.   — São bastante ruins; ele guardou o ovo em um pequeno baú em seu quarto, e a porta é fortemente trancada e aferrolhada, e um par de gatos com olhos selvagens estão acorrentados ao baú, vigiando noite e dia.   — Vamos voltar — disse o burro. — Não podemos fazer nada.   — Esperem! — disse a doninha.   Quando chegou a hora de dormir, a doninha falou para o rato:   — Entre pelo buraco da fechadura, vá para trás da cabeça do patife e fique ali por duas ou três horas, chupando o cabelo dele.   — Mas de que vai adiantar isso? — perguntou o burro.   — Espere e verá! — respondeu a doninha.   Na manhã seguinte, o mercador ficou furioso ao ver o estado do seu cabelo.   — Mas eu estarei pronto para você esta noite, seu rato maldito! — disse ele.   Então, na noite seguinte, ele soltou os gatos e os fez se sentar ao lado de sua cama e vigiar.   Enquanto ele pegava no sono, a doninha e o rato estavam do outro lado da porta, a roendo até abrirem um buraco na parte de baixo. O rato entrou, e não demorou muito para trazer o ovo em segurança.   Logo eles estavam de volta à estrada; o rato na orelha do burro, a doninha nas suas costas, e o ovo na boca da doninha. Quando chegaram ao rio e estavam nadando, o burro começou a zurrar.   — Ió, ió — gritou ele. — Há alguém igual a mim no mundo? Estou carregando o rato, a doninha e o incrível ovo encantado que pode fazer qualquer coisa. Por que não me agradecem? Mas o rato estava dormindo e a doninha não ousava abrir a boca por medo de deixar o ovo cair.   — Vou derrubar todos vocês, seu bando de ingratos, se não me agradecerem — gritou o burro, e a pobre doninha se esqueceu do ovo e berrou:   — Oh, não, não!   Então o ovo caiu na parte mais funda do rio.   — Veja o que você fez — disse a doninha, e pode ter certeza que o burro pareceu muito idiota.   — Ah, o que vamos fazer? — gemeu ele.   — Vamos manter a calma e a esperança — disse a doninha. Então, olhando para a água profunda, chamou: — Escutem, todos vocês, sapos e peixes! Há um grande bando de garças e cegonhas vindo buscar todos vocês e engoli-los. Depressa! Depressa!   — Ah, e o que podemos fazer? — gritaram eles, subindo à superfície.   — Juntem as pedras do fundo e as tragam para nós, que vamos construir um grande muro na margem para protegê-los.   Então os peixes e sapos se puseram a trabalhar como loucos, depressa e com vigor, levando para cima todas as pedras e seixos que encontraram no fundo do rio.   Por fim, um grande sapo veio com o ovo na boca, e quando a doninha o pegou, subiu numa árvore e gritou:   — É suficiente; o bando tomou um enorme susto com nosso muro, e estão todos fugindo.   Os pobrezinhos ficaram muito aliviados.   Pode ter certeza de que Jack pulou de alegria ao rever seus amigos e o ovo. Eles logo voltaram ao seu castelo e, quando Jack começou a se sentir sozinho, não foi difícil encontrar uma linda moça para se casar com ele; o casal e os três gratos animais foram muito felizes.

Escrito por Vanlorrin Miel-thal


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