Ato – 2 – O assassino de aluguel in Mundo de Consilium | World Anvil
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Ato – 2 – O assassino de aluguel

  • 09/06/842 – 22:00
  • Fararëyn chegou ao ponto de encontro na hora marcada e de longe já viu a pele escamosa azul-escuro de Wrainn Wackmauul , capitão da guarda de Irëng . O draconato ajeitou o quepe para esconder a cicatriz no olho direito, lambeu os beiços e foi de encontro ao homem.
  • — Eu arrumei um trabalho para você, o risco é alto, mas o pagamento também. — sua voz era esganiçada, muito provavelmente por causa dos muitos anos como fumante. —Preciso saber se você aceita antes de falar com o contratador, e, principalmente, preciso saber se você se compromete.
  • —Você tá consciente de que se as coisas derem errado, eu vou ser o primeiro a fugir. Não é?
  • —Eu sei como você trabalha. Só isso?
  • —Sim. Vamos lá. — disse ele enquanto colocava as mãos no bolso do longo e maltrapilho casaco de couro escuro.
  • Nenhum dos dois se preocupava em ser ouvido, pois além de estarem em uma das vielas da periferia de Irëng conversavam apenas em dracônico e poucos se preocupavam com o aprendizado desse idioma nos dias atuais.
  • Eles seguiram pela rua escura e estreita e chegaram até um beco com uma porta. Ao entrarem, se depararam com uma tiefling muito velha que os esperava sentada numa cadeira. Sua aparência era frágil e débil, como se uma simples brisa pudesse derrubá-la no chão. Seus longos chifres azuis já estavam desbotados e descascando e ela coçava nervosamente a pele enrugada e murcha das mãos.
  • — Esse é meu empregado de confiança. Pode passar as informações. — disse Wrainn Wackmauul antes de se retirar do aposento.
  • A velha olhou Fararëyn de cima a baixo antes de falar, e em seguida começou com uma voz falha e baixa:
  • — Eu preciso que você... Mate o lorde Berndt Krause . Eu vou pagar três mil parcos de ouro. Mas eu quero que isso seja feito o mais rápido possível, de preferência para amanhã.
  • — Não vou perguntar os seus motivos, mas, como você espera que eu mate ele sozinho?
  • A tiefling tirou de dentro de uma pequena algibeira um pergaminho desenhado à mão e o abriu na frente do assassino. Ela estava nervosa e gaguejando, mas certa do que estava fazendo. Ele já havia lidado com todo tipo de gente e sabia reconhecer isso.
  • — Eu consegui depois de muito tempo um mapa do Castelo Krause.  Há uma forma de entrar pelos jardins, uma tubulação de esgoto mal vedada que leva ao lado de fora dos muros.
  • — Eu não sou o tipo de assassino que pede dinheiro antes de completar a missão. Porém, se eu quiser matar ele dentro do castelo. Eu vou precisar de algumas coisas antes. Não só pra matá-lo, como pra sair dali depois.
  • — Pode pedir pro seu contratante o que você quiser que eu vou pagar. — ela respondeu em meio a uma crise de tosse. — Que dinheiro não seja o problema pra realizar esse serviço.
  • O homem estava receoso em fazer o assassinato, as proporções seriam gigantescas, tanto para a cidade quanto para o Reino de Cam . Lorde Berndt Krause era amado por muitos e ainda que Fararëyn não se importasse em matá-lo, tinha medo do que viria a acontecer depois. Ele decidiu não conter as perguntas, precisava de mais informações.
  • — Você conhece bem lorde Krause ?
  • — Eu o conheço melhor do que qualquer um.
  • — Então sabe me dizer se ele tem algum tipo de defesa? Por que ele é uma figura muito importante. Não é possível que ele tenha algum tipo de magia impedindo que eu mate ele?
  • — Justamente por isso que eu escolhi esse momento para fazer o pedido. Eu sei que ele é muito relapso quando se trata de festas e passa a negligenciar até a própria segurança por motivos estúpidos.
  • A resposta satisfez Fararëyn , ainda havia muito a preparar, mas definitivamente era algo que ele podia fazer. Não só podia como precisava, seu dinheiro estava acabando e os gastos na Sonho do Anão não se pagariam sozinhos. — 3.000 parcos de ouro. — ele nem sabia o que faria com tanto dinheiro. Ele deu uma última olhada no mapa desenhado do castelo e sem se despedir daTiefling saiu do aposento. Encontrou Wrainn do lado de fora, o Draconato o encarou enquanto puxava a fumaça do cigarro pela boca e soltava pelo nariz em formatos circulares.
  • — O que você acha dela? — perguntou Fararëyn
  • — Pode confiar que ela não vai contar a ninguém sobre isso, ela realmente quer a morte dele.
  • — Meu problema não é ela contar, meu problema é a repercussão disso.
  • — Quem vai ter que ser discreto é você, mas eu posso garantir que a cidade vai mudar e que nós temos formas de lidar com a morte dele. Se o que te preocupa é a sua segurança, pode ter certeza de que se você não for descoberto vai conseguir viver muito bem depois que isso tudo acabar.
  • — Me encontre amanhã. 08:00. Vou precisar fazer compras.
  • Em seguida, foi pelas ruas de irëng até sua casa, um quarto numa pensão pobre. Não havia muito ali, apenas o suficiente para sobreviver, mas ele não ligava para isso. No dia em que fugiu do monastério e foi viver na cidade, ele deixou para trás uma vida de conforto como o escolhido pelos deuses, escondeu a marca do santo que trazia atrás da orelha, deixando o cabelo crescer e passou a aproveitar todos os prazeres que uma estalagem suja numa cidade apodrecida pelo crime poderia oferecer.
  • Fararëyn não se arrependia de suas decisões, ele nunca quis ser o santo que o criaram para ser, seus companheiros do monastério por outro lado o invejavam. Entretanto, qualquer coisa era melhor para ele do que ter que passar a vida treinando na cordilheira de Mytl. Até mesmo a vida de assassino de aluguel.
  • O homem pegou sua mochila em cima da cama, retirou um pequeno espelho de dentro dela e o usou para desenhar em seu ombro esquerdo um pequeno mapa com o que conseguiu lembrar das entradas secretas, infelizmente, não teve o cuidado de espelhar a imagem e acabou desenhando um mapa invertido. Sem perceber o erro, Fararëyn saiu novamente pelas ruas de irëng .
  • Vestindo sua melhor roupa escura, que não valia mais que um parco de bronze e já estava esfarrapada, com a intenção de espionar a preparação do evento. Foi andando por atalhos e becos desviando de bêbados e ladrões sempre que necessário até chegar perto o suficiente do castelo para ver o portão principal sem ser notado.
  • Carroças puxadas por enormes lopoquis entravam carregadas de comida. Dezenas de guardas anões estavam plantados na frente dos portões como se fossem estátuas, checando os barris de vinho e de outra bebidas que seriam usadas na comemoração ou fazendo ronda pelas grandes muralhas que cercavam o local. Ocasionalmente um comboio entrava com um nobre importante de algum lugar distante. Fararëyn conseguiu reconhecer um deles como sendo Arin Hammermail , um dos anões que arquitetou a cidade de Irëng . Saber de sua presença ali poderia ser útil caso ele precisasse justificar sua presença para alguém.
  • O barulho dos moradores da cidade, de bares e tavernas próximos e as das brigas de ruas impediam que o assassino ouvisse qualquer som que viesse dos portões. Vendo que não conseguiria mais nenhuma informação, ele voltou para casa e foi dormir.
  • 10/06/842 – 07:30
  • Fararëyn sonhou que havia bebido demais, o que era de costume, e tentado assassinar o lorde em plena luz do dia usando apenas uma faca. Acordou assustado, suando e satisfeito por ter sido apenas um sonho.
  • Tomou coragem para sair da cama e foi até o mercado central de Irëng , no caminho passou por Wrainn e, sem conversar com o draconato , pegou uma bolsa de moedas de sua mão. Checou o conteúdo, era o suficiente.
  • Comprou veneno de contato paralisante, feito de saliva de basilisco, era um dos melhores que ele encontraria por ali, uma gazua, em mãos experientes como a dele era tão útil quanto ter uma chave de verdade e por fim comprou mais dois dardos para somar aos dez que já trazia consigo. Em seguida, foi até a Ferraria dos Morigak, precisava de um alfaiate, mas a loja era próxima e o velho Gudzal com certeza saberia onde arrumar o que ele queria, e o mais importante, ele não faria perguntas irritantes.
  • — Ô! Bom dia! Como posso ajuda-lo? — o velho Golias o recebeu com um sorriso. Ele falava como se estivesse com um ovo preso na garganta. Fararëyn viu que não havia mais ninguém ali, o ajudante do homem deveria estar dormindo, e colocou um saco de dinheiro em cima da mesa.
  • — Eu quero uma roupa que faça com que as pessoas de fora achem que eu sou um nobre. Não precisa ser resistente, apenas leve.
  • — Consigo arrumar. Pra quando?
  • — Hoje à tarde. — ele encarou o golias , ambos sabiam que a roupa seria usada na comemoração. O velho suspirou e após olhar para o saco de dinheiro disse:
  • — Eu consigo. Venha buscar antes do horário da festa. O monge acenou com a cabeça e saiu pela porta da frente. Pensou em procurar Wrainn , mas o draconato estaria ocupado demais com seus afazeres naquele dia. Fararëyn gastou o resto do dinheiro em um ótimo almoço enquanto esperava o horário da celebração, afinal, se ele fosse pego esse seria o último almoço de sua vida.

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