A História de Dante Ghet Character in Glærün | World Anvil
BUILD YOUR OWN WORLD Like what you see? Become the Master of your own Universe!

Remove these ads. Join the Worldbuilders Guild

A História de Dante Ghet

Meu nome é Dante Ghet. Essa é minha história.   A primeira coisa que me lembro é de acordar.   Eu não sabia onde estava. Quando estava. Quem era. Nada. Quem me ensinou isso tudo foram os Ghet. Eles eram poucos, viviam no vilarejo onde acordei. Eles me ensinaram seus costumes, suas crenças, sua índole. No início, eu era muito jovem e só aprendia e absorvia o que eles me ensinavam.   Mas conforme fui crescendo, eles começaram a me mostrar outras partes da sua sociedade. Em Sangre, muitas coisas terríveis se passavam, e algumas delas foram mostradas a mim. Humanos de vilarejos próximos aprisionados, usados como fonte de sangue, nosso alimento. Mantidos em cativeiro até não serem mais produtivos, e depois eliminados em jogos e eventos que para os Ghet eram esportivos e descontraídos. Eu nunca vou esquecer do terror que o grito dos humanos me causou na primeira vez que presenciei um evento desse. Os Ghet perceberam que eu não estava me alinhando com os moldes. De vez em quando, eu era invocado pelo Chefe Sanguíneo para conversar. Eu nunca me lembrava das próximas semanas, às vezes meses, quando isso acontecia. Eles me forçaram, de algum modo, a fazer coisas terríveis. E eu odiava eles por isso. Muitas vezes, eu cheguei a fugir. Em algumas instâncias, eles me encontravam e me levavam de volta. Em outras, eu encontrava um grupo de humanos que fugia aterrorizado ou me atacava com desespero. Em uma dessas vezes, eu cheguei a vislumbrar o que parecia uma grande árvore, com algo parecido com uma abertura em seu tronco, levando às profundezas. Eu fui pego antes de conseguir investigar.   Muito tempo se passou com os dias correndo desse modo. Eu agora era quase um adulto. Eu havia treinado todos os dias, fortalecendo meu corpo e absorvendo o ódio para dentro de meus ossos, usando ele como fonte para me fazer seguir em frente. Me fortalecer. Entre os guerreiros do clã, eu agora era um dos mais promissores. Foi nessa época que eu fiz meu primeiro amigo, Silas. Ele era a primeira criança que eu vira desde mim. Pequeno e inocente. Eu passava bastante tempo com ele. Brincando, nos primeiros momentos, depois respondendo suas perguntas, tentando protegê-lo daquele mundo horrível e das coisas que eu não queria que ele visse.   Um dia encontrei ele com o olhar distante. Ele havia visitado o Chefe Sanguíneo. Nesse dia eu fugi novamente, o ódio mais forte do que nunca. E corri sem direção, por tanto tempo quanto aguentei. Acabei por desmaiar.   Quando acordei, dei de frente com a árvore. Sua abertura convidativa. Eu não tinha pra onde ir, e talvez aquela árvore se mostrasse um bom esconderijo. Eu entrei na escuridão e desci até um pequeno espaço mais aberto. Lá, no centro do espaço, se encontrava um altar ladeado por brazeiros apagados. No altar, havia um livro. Um grande e grosso livro, com vários nomes escritos em um vermelho mais familiar do que eu gostaria para mim.   Eu li o livro. Não reconheci nenhum nome, mas o que me surpreendeu foram os dizeres nas primeiras páginas. Promessas de poder e riquezas. Promessas de amparo e orientação. Promessas de um novo caminho a seguir. Eu não me interessei muito pelos últimos, mas o poder me seduziu. Eu não sabia que tipo de culto havia acontecido aqui, e mesmo sem acreditar em nada daquilo, eu assinei o livro com meu sangue por pura falta de opção e desespero.   Mas nada aconteceu. Como eu esperava. Eu não consegui me esconder por muito tempo naquela árvore, tive que sair para caçar ou morreria de fome. Quando retornei não havia mais árvore. Eu fui capturado no mesmo dia.   Após mais um período sem memórias, eu novamente encontrei com Silas. Ele havia crescido um tanto, e nós fomos levados ao porão onde os humanos eram aprisionados. Era a primeira vez dele. Eu o segurei perto de mim, como se para protegê-lo. Naquele dia tudo mudou. Eu descobri a verdade.   Foi uma humana. Ela estava em suas últimas. Esquelética e pálida, fraca até para se levantar do chão. A única coisa que ela fez foi pronunciar uma única palavra quando nos viu. Olhando para Silas, ela disse “Filho…”.   Fui subitamente acometido por uma dor de cabeça terrível enquanto a memória de uma mulher em um estado similar olhava para mim e dizia a mesma coisa. No dia anterior a eu acordar. Eu não a reconhecia, eu a havia esquecido, mas agora eu entendia. Não era só sangue que os Ghet extraiam dos humanos.   Eu lembro de tudo ficar vermelho. De não ver com clareza. De deixar meu corpo se levar, tomado completamente pelo ódio. Naquele dia, eu matei todos os Ghet. O Chefe Sanguíneo teve sua cabeça arrancada pelo meu machado. Quando tudo estava acabado, eu estava exausto e extremamente ferido. Eu fechei os olhos e me deixei ser envolto pela escuridão.   Eu acordei em um bote. Silas estava remando, corajosamente, com os remos que eram grandes demais para ele. Senti o gosto de sangue em meus lábios e vi os corpos de animais no chão do barco. Ainda sem forças, apaguei novamente.   Eu e Silas fomos viver longe de Sangre. As pessoas nos olhavam com suspeita, mas acho que a maioria delas não havia tido muito contato com gente como nós. Vivemos isoladamente, em uma cabana minúscula a alguns dias de uma grande cidade. Lá, eu ensinei Silas como lutar, como sobreviver, como se esconder. Tudo que eu podia fazer para torná-lo uma pessoa boa e prepará-lo para ter uma vida decente. Eu sabia que meu caminho havia sido manchado pelo mal e pelo ódio, e não queria Silas seguindo o mesmo caminho que eu.   Depois de Silas crescer e estar pronto para seguir sua vida sozinho, eu me despedi dele e segui. Eu sabia o que tinha que fazer. Eu tinha que encontrar cada malfeitor desse mundo e trazê-lo ao seu fim. Meu ódio me consumia e me levava em frente. Minhas memórias me atormentavam, fantasmas do meu passado que ameaçavam tomar conta deste mundo. Tomar conta do futuro de Silas. Eu não permitiria isso, jamais. Agora, começava a temporada de caça.   Os meses seguintes eu passei caçando malfeitores e aprimorando minhas habilidades. Às vezes, eu passava algum tempo em cidades, em lugares públicos, ouvindo o que as pessoas falavam. Procurando algum alvo. Descobria seu nome e anotava. Minha lista é grande. Mas muitos já foram eliminados. O Mal que os contamina não vai se espalhar mais. Depois de fazer limpezas em algumas cidades, eu viajava para evitar que fosse preso. Por vezes, encontrava criaturas malignas nas regiões selvagens. Elas também serviram para alimentar a chama de meu ódio. Ninguém vai ficar em meu caminho. Demorou algum tempo para que eu descobrisse que o vilarejo de Sangre era uma subdivisão do clã Ghet. Eles ainda estão por aí, os vampiros. Cinco clãs no total. O Ghet é o mais fraco deles. Eu não tenho como enfrentá-los sozinho. Pelo menos, não como estou agora. Eu preciso de mais poder. De mais ódio. Eu preciso de recursos.   Ouvi falar de uma recompensa generosa em Starfalls. Acho que é um jeito de conseguir dinheiro e talvez aliados. Quem sabe, às vezes até há alguém para adicionar na minha lista por lá…
Children

Remove these ads. Join the Worldbuilders Guild

Comentários

Please Login in order to comment!